
Treino: Miosite Ossificante
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Como adaptar o exercício físico a esta condição rara que afeta os músculos
A Miosite Ossificante é uma condição pouco comum em que ocorre o crescimento anormal de tecido ósseo dentro do músculo, geralmente após um trauma. Embora o nome possa assustar, com o devido acompanhamento médico e um plano de treino adequado, é possível manter a mobilidade, reduzir a dor e melhorar a função muscular.

🔍 O que é a Miosite Ossificante?
A Miosite Ossificante (MO) é caracterizada pela formação de osso heterotópico (fora do local habitual) no tecido muscular, geralmente após uma lesão, contusão grave ou cirurgia.
Existem dois tipos principais:
- Miosite Ossificante Traumática – a mais comum, surge após um trauma direto (ex: pancadas no desporto).
- Miosite Ossificante Progressiva (ou Fibrodisplasia Ossificante Progressiva - FOP) – extremamente rara e genética, provoca ossificação progressiva dos músculos, tendões e ligamentos.
⚠️ Sintomas principais
- Dor muscular persistente
- Inchaço localizado
- Diminuição da amplitude de movimento
- Massa palpável dura (ossificação visível nas radiografias)
- Dificuldade funcional na zona afetada (geralmente braço ou coxa)
O diagnóstico é feito através de imagem médica (radiografias, TAC, ressonância magnética) e avaliação clínica.
🎯 Benefícios do exercício físico adaptado
Embora o repouso seja essencial nas fases iniciais da MO, o exercício controlado e supervisionado é importante para:
- Prevenir atrofia muscular
- Manter a mobilidade da articulação próxima
- Reduzir rigidez
- Melhorar a funcionalidade geral
- Prevenir desequilíbrios musculares
Nota: O exercício não remove o osso formado, mas ajuda a melhorar a função e reduzir complicações secundárias.
🏡 Treino em casa: recomendações
📆 Fase inicial (pós-trauma ou pós-diagnóstico)
- Repouso relativo
- Evitar exercícios de força ou alongamentos intensos
- Aplicar gelo e manter o membro elevado (quando indicado)
- Consultar o médico antes de iniciar qualquer treino
🧘♀️ Fase de estabilização
- Alongamentos suaves e passivos (evitar dor)
- Mobilização articular ativa sem carga
- Exercícios de baixa intensidade (sem impacto)
Exemplos:
- Mobilização de ombro/cotovelo (se MO no braço)
- Flexões e extensões suaves do joelho (se MO na coxa)
- Rotinas leves de Pilates ou yoga adaptado
🏋️♂️ Fase de manutenção
- Exercícios com o peso do corpo e bandas elásticas leves
- Fortalecimento de grupos musculares não afetados
- Treino funcional leve, sempre sem provocar dor
Exercícios úteis:
- Elevação de pernas em decúbito dorsal
- Elevação de braços sem carga
- Marcha no lugar
- Bicicleta estática (com precaução e autorização médica)
❗ Cuidados importantes
- Evitar massagens intensas, calor ou manipulações profundas na zona afetada — podem agravar a calcificação.
- Evitar atividades de alto impacto ou contacto direto.
- Observar sinais de dor persistente ou aumento do volume muscular — podem indicar progressão.
- Respeitar os limites do corpo — nunca forçar a amplitude de movimento.
📚 Evidência e apoio científico
De acordo com o British Journal of Sports Medicine, a reabilitação em casos de Miosite Ossificante deve seguir princípios semelhantes aos de lesões musculares, com adaptação progressiva e evitação de stress mecânico excessivo nas fases agudas. O acompanhamento multidisciplinar (médico, fisioterapeuta e treinador) é essencial para bons resultados.
🔗 Artigos relacionados:
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- Alongamentos em casa: segurança e eficácia
✅ Conclusão
A Miosite Ossificante requer um plano de treino bem pensado, com progressão gradual e cuidado especial na fase de inflamação ativa. Um treino funcional, seguro e supervisionado pode melhorar a qualidade de vida, manter a força e prevenir a perda de mobilidade.
A chave está em adaptar o exercício ao teu corpo — e não o contrário.